quarta-feira, 30 de outubro de 2013
A Serra
Foi tão rápido, natural e bonito
Que tudo me parece eterno
Este azul acinzentado infinito
Por entre o verde e a pedra
E a nuvem constante sobre a serra
Que avistamos da janela.
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Descrever o que a tua beleza encerra
É falar de coisas simples do mar e da terra
É sublimar o brilho do fogo incandescente
Que surge detrás do mistério do oriente.
Descrever-te ao mundo é tomá-lo do avesso
Aclamar-te em cada pedra que o deserto atravessa
Possuir-te entre as flores árticas de coração inconfesso
Embalar-te em doces pautas dos ventos sem pressa.
Assim dizer-te é somente exclamação
Tonar-te mais alta na eterna lembrança
Dos que depois de ti persistirão
Assim amar-te é a minha completa esperança
No meio das desvirtudes carentes de razão
De relembrar-te para sempre em cada dança.
Colecta
Ouvi um excerto de uma entrevista na Rádio Renascença. Alguém, daqueles que fala de tudo a rir por entre anúncios com ecos metálicos que nos ferem os tímpanos e a alma, inquiria outro sobre uma parte de um livro que este supostamente tinha escrito e cujo assunto eram as excentricidades de atores e atrizes de Hollywood. Pergunta o ridente e risível locutor “Diz que há uma atriz que tem medo de borboletas”- e ri-se muito – “Quem é?”. Responde o outro “Não me lembro, eheheheh, chumbei no exame, eheheheh, mas sei que é uma atriz contemporânea”. O Locutor interrompe a rir e passa uma música de uma batida que consegue ser mais irritante que as duas personagens. Depois diz o “escritor colector”, “a atriz que mais me fascina é a Mae West, bla bla bla…”. Este gajo chama-se Edgar Pêra! Um realizador português com relativo sucesso, não só a nível nacional, decide escrever, ou melhor, plasmar, cusquices sobre estrelas de Hollywood. Uma espécie de rebuscar os caixotes do lixo à procura de almoço mas em bem, recolhendo canapés em vez de pão bolorento. Ou talvez a procura da redenção por “pecados” passados, ao abrigo da sempre condescendente entidade que manda na Rádio. Deve estar mesmo a atravessar uma fase má, o Edgar, sem dinheiro e sem vergonha. A outra personagem desta história, o do riso permanente, não sei como se chama, um Valdemar ou Constantino qualquer.
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